Sabemos que no sono encontram-se envolvido vários processos fisiológicos importantes: a consolidação da memória a conservação de energia, a produção da hormona do crescimento, a plasticidade cerebral, o restauro metabólico do cérebro etc. (Afonso, 2013).
Embora com algumas variações individuais, dormimos uma média de 8 horas diárias, o que significa que ao longo da nossa vida passamos sensivelmente um terço do tempo a dormir.
Por razões diversas as perturbações do sono têm vindo a aumentar. O estilo de vida atual tem conduzido a uma diminuição progressiva no período de sono. Infelizmente, a privação crónica de sono começa a tornar-se um hábito na sociedade contemporânea.
A insónia pode ser definida como sendo uma diminuição patológica na quantidade do tempo do sono nocturno, ou da continuidade, ou ainda da qualidade, com repercussões no quotidiano (Afonso, 2014).
A prevalência da insónia varia bastante em função da população estudada, podendo oscilar entre 10-40%, no caso da insónia intermitente (Kiley, 1999). A insónia é mais prevalente em mulheres, adultos de meia-idade, idosos, trabalhadores por turnos, desempregados, e doentes com doença médica ou doença psiquiátrica.
Para uma correta avaliação da insónia, deve ser realizada uma história clínica detalhada, excluindo possíveis causas de insónia secundaria (se necessário, recorrer a exames complementares de diagnóstico). Neste âmbito deve ser realizada uma anamnese dirigida para os hábitos de sono, recorrendo ao auxílio de um diário de sono. A informação fornecida pelo companheiro(a) de quarto é relevante para uma melhor caracterização da insónia, dado que por vezes são reportados aspectos clínicos que merecem um estudo mais aprofundado (por exemplo, a existência de movimentos periódicos do sono).
Existem diversos questionários e escalas que podem ser utilizadas para caracterizar o sono, revelando-se bastante úteis na avaliação clínica da insónia.
A insónia pode ser classificada de acordo com vários critérios. O período de duração da insónia leva a que se divida em insónia aguda (geralmente com duração inferior a um mês) ou crónica. O período de ocorrência da insónia permite dividi-la em inicial (se ocorrer o início da noite), intermédia (se ocorrer a meio da noite) e terminal (acordar matinal precoce).
Importa sublinhar que a insónia tem um impacto negativo na saúde física e psíquica do indivíduo, acarreta elevados custos sociais, e pode dar origem a ainda a acidentes; estando, por exemplo, bem estabelecida a relação entre a sonolência induzida pela insónia e o aumento do risco de acidentes de viação (Benca, 2001). A tabela em baixo resume algumas consequências da insónia.
Consequências da insónia
O tratamento da insónia tem como principal objetivo melhorar a quantidade/qualidade do sono e minimizar o impacto negativo da insónia, no dia a dia. Atualmente, existem diversas estratégias terapêuticas (farmacológicas e não farmacológicas) que devem ser usadas, de forma única ou combinada, consoante o perfil do doente. No que diz respeito às terapêuticas não farmacológicas, destacam-se (com boa evidência científica) as técnicas de relaxamento, a terapia do controle de estímulos, a psicoterapia cognitivo-comportamental e as medidas de higiene do sono. A tabela seguinte apresenta algumas das medidas de higiene do sono.
Medidas de higiene do sono
Um dos desafios que se coloca ao médico é precisamente tratar, farmacologicamente de forma adequada, a insónia. As benzodiazepinas são os fármacos mais utilizados no tratamento da insónia, e a sua ação farmacológica é alcançada através da ligação aos recetores GABA. Apesar da vantagem terapêutica a curto prazo, a verdade é que a sua utilização tende frequentemente a prolongar-se no tempo, aumentando os riscos de abuso e de dependência. A escolha do hipnótico deve obedecer a critérios clínicos. Para o efeito, torna-se importante caracterizar o tipo de insónia. Seguidamente, conhecendo o perfil farmacológico do hipnótico, deve optar-se por aquele que melhor se ajusta à situação clínica.
Excesso de carga horária é nova forma de escravatura, afirma Pedro Afonso, médico psiquiatra. As chefias trabalham cada vez mais e a carga horária semanal vai além das 48 horas: os problemas estendem-se às famílias e a cultura empresarial precisa de mudar.
Saber maisNa nossa sociedade, as perturbações do sono têm vindo a aumentar. O estilo de vida atual tem conduzido a uma diminuição progressiva no período de sono.
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